A ideia prática de um pneu que permita que um veículo continue rodando mesmo estando furado está por aí desde a década de 1930, quando se desenvolveu a partir de aplicações e inovações militares concebidas para melhorar a segurança dos veículos.
Um recurso para manter a pressão do pneu e possibilitar que continue funcionando depois de uma ocorrência relativamente comum como seu estouro evita um desfecho potencialmente catastrófico e permite ao motorista manter o controle do veículo, ganhando tempo para controlar a situação sem ter de fazer uma possivelmente perigosa mudança de faixa para estacionar no acostamento da estrada.
A maioria dos pneus run flat normalmente rodará por pelo menos 80 quilômetros a uma velocidade razoável, certamente uma distância suficiente para organizar uma troca segura em quase todas as situações incomuns.
Ganhando movimento
Contudo, mesmo sendo um conceito óbvio e obviamente necessário, foi apenas recentemente que o run-flat começou a fazer parte dos itens comerciais convencionais. E embora os números desse aumento sejam comparativamente pequenos frente à porcentagem global da fatia de mercado total, a indústria tem assistido a um movimento crescente nas vendas do run-flat para automóveis e SUVs.
Como outras empresas de pneus, a Pirelli vem trabalhando para melhorar suas ofertas nesta área, guiada principalmente por considerações de segurança e também pelos esforços dos fabricantes de carros por economia de combustível. O Chefe de P&D para Produtos Automobilísticos na Pirelli, Dr. Alessandro Ascanelli, e sua equipe são responsáveis por melhorar o desempenho, confiabilidade e experiência geral na pilotagem desses tipos de pneus.
Ascanelli diz que o run-flat, que usa flancos reforçados para suportar o peso do veículo, é apenas uma opção. Também há pneus com suportes auxiliares, nos quais um anel de metal de suporte dentro do pneu capta o peso se houver perda de pressão. Enquanto isso, os pneus autosselantes fazem uso de um revestimento de composto especial que veda o pneu ao entrar em contato com o ar. “O composto preenche o orifício deixado pelo objeto perfurante e desse modo retém o ar”, explica ele.
Se você de fato tiver um furo em um pneu run-flat, nem sempre perceberá imediatamente, principalmente se estiver dirigindo em uma estrada longa e reta, já que a qualidade da pilotagem talvez não se altere significativamente. Por isso, os pneus run-flat sempre vêm com um tyre pressure monitoring system (TPMS) [sistema de monitoramento da pressão do pneu], que detecta e indica quando a pressão foi perdida.
Desafios do consumidor
Assim, com as vantagens em potencial parecendo consideráveis, por que a tecnologia percorreu um caminho tão acidentado?
Um relatório da JD Power de apenas dois anos atrás descobriu que a satisfação em geral dos motoristas com os run-flats estava em declínio entre queixas sobre a frequência com a qual os pneus tinham de ser trocados – e os custos de trocar um conjunto completo.
Superação
Entretanto, a Pirelli acredita em uma superação das atitudes do consumidor em relação aos pneus. Certamente entre os motoristas de carros de luxo, tais incertezas parecem ter ficado para trás. Enquanto isso, a indústria em geral parece continuar otimista quanto ao futuro da tecnologia.
A Pirelli tem trabalhado com afinco em requisitos específicos com fabricantes como a BMW, que é a maior instaladora mundial de run-flats como equipamentos originais.
“As percepções estão mudando, e a importância da segurança está sendo levada em conta cada vez mais”, diz Ascanelli. “Os motoristas estão perguntando ‘como transportar meus entes queridos com segurança e eficiência de um modo em que o desempenho dos pneus equivalha ao alto desempenho do restante do veículo?'”
Segurança em primeiro lugar
“É claro que existe uma questão de custo a ser considerada”, diz ele, “porque um pneu feito com estas tecnologias apresenta um custo de fabricação diferente em comparação a um pneu padrão. Entretanto, há uma importante questão de mobilidade porque em uma situação imprevista ele livra o consumidor de preocupações”.
E Ascanelli está confiante que a pesquisa da Pirelli nessa área está ajudando a criar uma experiência melhor e mais segura ao volante.
“Como as demais empresas, queremos ser melhores do que nossos concorrentes. E é claro que um pneu é somente um dos muitos componentes, que é sobre o qual temos controle, e nos concentramos todos os dias em fazer com que estes componentes específicos cumpram melhor sua função, isso quer dizer: desempenho com mais eficiência e segurança do que nunca”.
Porque optar por pneus run-flat
Os pneus run-flat são unanimidade quando o assunto é segurança, mas ainda deixam o consumidor em dúvida sobre suas vantagens na hora de comprar um carro novo, já que apresentam um custo mais elevado em comparação com os pneus convencionais. Para esclarecer algumas dúvidas recorrentes sobre sua utilização, elencamos aqui uma lista com as principais informações sobre essa tecnologia.
- Os pneus run-flat dispõe de reforços estruturais nos ombros, flancos e talões. Mesmo após perder completamente a pressão, o sistema é capaz de sustentar o peso do veículo através de uma camada reforçada. A roda, portanto, não fica sobre a banda de rodagem, o que permite ao veículo rodar sem que aconteça o detalonamento, ou seja, o desencaixe da roda.
- A tecnologia especial possibilita que o veículo rode ainda por aproximadamente 80 quilômetros, em uma velocidade de até 80 km/h, após uma avaria. Com isso, o motorista não precisa parar imediatamente o carro fora da estrada ou fazer manobras sem garantia de segurança. Em veículos com pneus tradicionais isso seria impossível, pois os mesmos perdem rapidamente a pressão, e rodar longas distâncias nestas condições poderia acarretar danos na suspensão e rodas, além de comprometer totalmente a estabilidade do veículo.
- Pneus run-flat possuem mais camadas de borracha com diferentes densidades, o que gera melhor aderência ao piso e uma maior capacidade de manter o controle dos veículos no caso do estouro de um pneu.
- Veículos equipados com pneus run-flat não necessitam de step. Como consequência está a geração de maior espaço no porta-malas.
Tecnologia produzida no Brasil
A fábrica brasileira da Pirelli, localizada em Feira de Santana, Bahia, já produz pneus run-flat, abastecendo com os produtos tanto as montadoras que fabricam no país, quanto as exportações.
Os pneus run-flat produzidos no Brasil já atendem as novas regras de etiqueta estabelecidas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que determina como padrão que os pneus vendidos no Brasil prestem informação ao compradore sobre o desempenho dos pneus na água, aderência ao piso (grip), se ajudam a economizar combustível e quanto barulho fazem ao rodar.
* Há uma seção FAQ da Pirelli sobre pneus run-flat aqui, em que você pode descobrir como se beneficiar da tecnologia, de acordo com a marca específica do carro que conduz.