Que o brasileiro é apaixonado por carros, não é novidade para ninguém. Mas depois de cruzar as estradas do país, rodar por muitos e muitos quilômetros, chega o momento de trocar os pneus. E não é justo que, depois de garantir a sua segurança e conforto, eles sejam descartados de qualquer maneira, correndo o risco de poluir córregos e rios ou até terminar os seus dias como um criadouro de insetos.
A vida útil como companheiros dos automóveis pode ter acabado, mas existem várias maneiras de transformar os pneus em produtos muito diferentes. E o consumidor tem papel fundamental para que eles sejam encaminhados para o local correto e não agridam a natureza.
Coleta de pneus inservíveis Reciclanip – Crédito: Divulgação ANIP
Para Klaus Curt Müller, presidente executivo do ANIP/Reciclanip, sistema criado em parceria com os fabricantes de pneus da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, ao garantir que os pneus cheguem até o ponto de coleta, é possível evitar que o descarte errado prejudique as condições ambientais e de saúde das cidades ou que causem poluição atmosférica caso sejam queimados da forma errada.
Por lei, o consumidor faz parte da cadeia de produção e é considerado corresponsável por devolver o produto usado. E, para ajudar nesta tarefa, o Reciclanip tem mais de mil pontos de coleta em todos os estados do país. Basta agendar, entregar o pneu e a entidade se encarrega de encaminhar o material a empresas trituradoras, que precisam ter todas as licenças e cadastros exigidos pelos órgãos competentes e comprovar a destinação adequada para fazer parte do sistema.
Depois disso, os pneus inservíveis podem ser usados pelas indústrias que fabricam cimento, transformados em artefatos de borracha como solas de sapato e até na fabricação de tapetes automotivos e asfalto-borracha, que tem a vantagem de ser mais resistente ao desgaste.
Coleta de pneus inservíveis Reciclanip – Crédito: Divulgação ANIP
Indústria responsável
Os fabricantes também têm um compromisso muito sério: para cada pneu produzido para o mercado de reposição, eles devem destinar corretamente um pneu inservível. A meta tem sido superada e, desde o começo da operação do Reciclanip até 2020, foram coletados e destinados adequadamente mais de 5,6 milhões de pneus usados. Agora, imagine se todo esse material tivesse sido jogado em qualquer lugar sem o menor cuidado.
E mesmo durante a pandemia, quando muitas atividades foram interrompidas, a coleta de pneus continuou. No ano passado, a entidade se encarregou de destinar de forma ambientalmente correta mais de 380 mil toneladas de resíduo sólido, o que equivale a 42,2 milhões de pneus de carros de passeio.
O presidente executivo do ANIP/Reciclanip acredita que essas ações reforçam o comprometimento da indústria brasileira de pneus com as questões ambientais, permitindo o desenvolvimento sustentável do país e valorizando a preservação do meio ambiente e o bem-estar da população.
Com esse modelo de economia circular que incentiva a redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, o conceito de vida útil dos produtos também tem se modernizado. Assim é possível fazer um uso mais eficiente dos recursos naturais, a indústria se torna mais competitiva e estimula a criação de maneiras mais sustentáveis de produzir bens e serviços. E esse esforço faz muito bem para os fabricantes, para o consumidor e para a natureza.