Quem pensa em viajar de moto costuma pensar na aventura de cruzar o mundo sem destino e com apenas uma mochila nas costas. Mas para os motociclistas que querem percorrer longos trajetos, o planejamento é fundamental.
O casal de arquitetos Michelle e Thiago Damo, donos do Instagram @moto_viajeiros, já percorreu mais de 189 mil quilômetros de moto e sempre pensa em cada detalhe da viagem para que os imprevistos não atrapalhem a vida deles na estrada.
Michelle e Thiago Damo - Crédito: Divulgação
“Primeiro é preciso definir o destino e a época do ano para evitar um inverno muito rigoroso, por exemplo. Faço o mapa da viagem, quantos dias temos disponíveis e quais os locais intermediários onde vamos ficar. Além disso, preparo um rascunho da quilometragem a ser percorrida e das paradas para a manutenção”, explica Damo.
Michelle fica responsável pela parte turística da viagem e define o roteiro a ser feito em cada cidade, os passeios e atrações que não podem deixar de fazer. Mas, apesar de tentarem seguir o planejamento à risca, é preciso ter flexibilidade para que problemas com a moto ou o clima desfavorável não interfiram demais na experiência deles.
“No caso de acontecer um imprevisto ou se quisermos ficar mais tempo em um lugar, cancelamos passeios e tentamos compensar no período em que ficaríamos em outro local”, diz Michelle.
Acampamento de Michelle e Thiago Damo – Crédito: Divulgação
Um exemplo disso ocorreu em uma viagem para Pucon, no Chile, quando o clima chuvoso atrapalhou a estadia na região. Mas como a previsão era de que o tempo estaria melhor no dia seguinte, decidiram ficar mais um dia e aproveitar melhor os passeios na cidade.
Para quem tem vontade de viajar de moto, o casal sugere começar com viagens curtas para locais próximos. É importante levar equipamentos de segurança, que já tenham sido testados antes para garantir que sejam confortáveis, e conferir se tudo que precisa vai caber na mala. Também é bom investir em roupas térmicas adequadas para a viagem, como capa de chuva, compressor de ar, kit de reparo de pneus e ferramentas em geral.
Atenção aos detalhes
A moto precisa estar em ordem e é para isso que existe o manual do proprietário: como conservar, a hora de fazer a revisão, todas as informações importantes estão lá. Fabio Luiz, coordenador técnico da Mestre das Motos, escola especializada em mecânica de motocicletas, explica que as montadoras fazem uma série de testes para verificar como o veículo se comporta em longas viagens e ajustam o que for necessário para garantir a segurança e a durabilidade do produto que comercializam.
“Antes da viagem é preciso ver a quilometragem e consultar o manual do proprietário para verificar o que precisa ser revisado, trocar a vela, filtro de ar e óleo”, afirma o coordenador técnico.
Para ele, além dos imprevistos da estrada, um problema é exigir demais do motor por um longo período. “É preciso andar na velocidade de cruzeiro indicada no manual. Se for menor do que a velocidade máxima da rodovia, é melhor sair da pista da esquerda. Assim a pessoa viaja com segurança e não danifica a moto”.
Também é preciso tomar cuidado ao viajar para lugares muito quentes. “A vela de ignição é responsável por fazer o motor funcionar e manter a temperatura ideal. Com um tipo específico de vela, óleo novo e de qualidade, dificilmente o motociclista vai ter problemas”, diz Fabio Luiz.
As condições dos pneus também devem ser levadas em consideração. Se a moto não é muito utilizada ou se os pneus estão guardados há bastante tempo, eles podem se deteriorar. É preciso verificar não apenas o desgaste, mas também se não apresentam rachaduras.
Depois de um período redescobrindo as belezas do Brasil, Michelle e Damo estão preparando a próxima viagem. O roteiro, que partirá do Ushuaia, no extremo sul da América do Sul, vai até o Alasca, nos Estados Unidos, será realizado durante um ano.
Michelle e Thiago Damo – Crédito: Divulgação
O casal já fez um planejamento da viagem e pretende pegar a estrada em dezembro. “Criamos uma planilha para os 365 dias, elencando cidades em que vamos parar, as trocas de pneus e dias de folga”, explica Michelle, que reforça que eles têm planos alternativos para mudar a rota ou mesmo a data da viagem dependendo da abertura das fronteiras.
