Não é difícil encontrar colecionadores de carros antigos por aí. Mas o que chama atenção é o extremo cuidado e a paixão pelos veículos e como criaram um universo único para esses carros, os famosos "placa preta". Centenas de encontros acontecem regularmente pelo país para reunir esses apaixonados por carros e pela história da indústria automobilística. Há até mesmo um neologismo para designar a restauração e manutenção de veículos antigos: o “antigomobilismo” ou “antigomodelismo”.
Apesar do enorme número de apaixonados e colecionadores de carros antigos, a grande maioria tem algo em comum: quase sempre as histórias contadas por eles trazem alta carga emocional e memórias afetivas que serviram de combustível para aumentar essa paixão.
É o caso dos irmãos Ricardo e Roberto Pinheiro. "Sempre tivemos uma memória afetiva com o Dodge Charger RT 1975, veículo que era do nosso pai e que a gente adorava passear com ele. Isso ficou marcado na nossa história. Assim que conseguimos ter o recurso financeiro e encontramos um carro em bom estado, não pensamos duas vezes para adquiri-lo", revelam os irmãos Pinheiro.
Porém, assim como outros colecionadores, é muito comum que quem entra para este universo não fique com apenas um carro de coleção na garagem. E uma forma de conseguir entrar para este mundo sem precisar gastar muito dinheiro é garimpar garagens por aí. Há até mesmo empresas que são especializadas em encontrar carros e ajudar nas negociações. E também tem aquelas histórias com pitadas de sorte para encontrar um bom carro de coleção.
Segundo Ricardo Pinheiro este mercado é muito peculiar. Ele também é proprietário de um Fusca 1969 e conta que foi um verdadeiro achado. "Antes mesmo de adquirir o Dodge Charger 1975 com meu irmão, eu sempre quis ter um carro antigo. E apareceu a oportunidade de comprar o Fusca. O valor era bem acessível e ele precisaria de poucas melhorias. Consegui manter a originalidade dele em 85%. Já me oferecem o dobro pelo que paguei. Eu brinco dizendo que ele não está à venda", revela Ricardo Pinheiro, que em parceria com seu irmão também é dono de uma picape Chevrolet 3100, ano 1956, também conhecida como Martha Rocha.
A picape ficou conhecida assim, pois trazia um para-choque com uma medida diferenciada e mais larga. A relação com a picape é que Martha Rocha, eleita Miss Brasil em 1954, teria ficado em segundo lugar no concurso Miss Universo por ter os quadris com 2 polegadas a mais que a primeira colocada. São histórias como estas que dão ainda mais charme para a relação entre os carros, colecionadores e a história da indústria automobilística. Por trás de um veículo antigo há muito para se contar, seja um caso familiar ou até mesmo sobre a cultura de um país.