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Ciclismo combina saúde com bem-estar e diversão

Um dos esportes mais democráticos que existem, o ciclismo é uma ótima opção para os mais diferentes tipos de pessoas

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“Para mim, não importa se está chovendo, se o sol está brilhando ou o que quer que seja: enquanto eu estiver andando de bicicleta, eu sei que sou o cara mais sortudo do mundo”. A frase é do ciclista britânico Mark Cavendish, mas resume muito bem o sentimento de muitas pessoas que veem o ato de pedalar como um exercício prazeroso em que a sensação de liberdade compensa todo o esforço.

O ciclismo já fazia parte da rotina de muita gente, mas a venda de bicicletas teve um grande aumento durante a pandemia, já que é um meio de transporte seguro para manter o distanciamento social indicado pela Organização Mundial de Saúde. Segundo um levantamento feito pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) com lojistas, fabricantes e montadores do país, ao longo de 2020 e janeiro deste ano, o mercado teve uma média de 50% de aumento nas vendas em comparação a 2019.

Marcelo Santos – Crédito: arquivo pessoal


Além de diminuir o tempo nos percursos em grandes cidades e reduzir a emissão de poluentes, a bicicleta colabora com a saúde física e mental dos ciclistas. Prova disso é o que aconteceu com o gerente de trade marketing, Marcelo Santos. Com sobrepeso, dores nos joelhos e crises de ansiedade, ele viu na bicicleta uma maneira de se exercitar e ter uma melhor qualidade de vida. “O pedal me libertou de tudo isso. O mais impressionante é que foi melhorando de forma gradativa e, sem perceber, deixei para trás hábitos que não faziam bem”.

A coordenadora da pós-graduação de medicina do esporte e do exercício do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), Verônica Vianna, explica que o ciclismo melhora o condicionamento físico, desenvolve o equilíbrio e contribui com a perda de calorias ao acelerar o metabolismo. “A prática fortalece a musculatura dos membros inferiores sem os efeitos indesejados do impacto nas articulações. Auxilia na promoção da saúde do coração, contribuindo com a redução da pressão arterial. E está relacionada à liberação de endorfinas, reduzindo o estresse, muito comum neste período de confinamento”.

Eduardo Netto – Crédito: arquivo pessoal


Para o diretor técnico da rede de academias Bodytech, Eduardo Netto, as pessoas redescobriram o prazer do ciclismo pela necessidade de fazer uma atividade ao ar livre e a preocupação com a saúde mesmo em tempos de pandemia. “É um esporte democrático, são poucas as chances de lesão e é de baixo impacto. Mesmo quem não pedala há muito tempo se acostuma com facilidade. Basta começar devagar, com uma intensidade leve, e depois fazer um alongamento da coluna, braços e membros inferiores”.

De acordo com Verônica, as lesões relacionadas ao ciclismo geralmente são de natureza traumática, que podem ser minimizadas com o uso de equipamentos de segurança, ou lesões de sobrecarga, por excesso de treinos, déficit de fortalecimento e desequilíbrio muscular, além do bike fit (ajuste da bicicleta de acordo com o tipo físico do ciclista) inadequado. 

O vice-presidente da Aliança Bike, André Ribeiro explica que as bicicletas têm tamanhos diferentes e é preciso saber o tamanho do quadro antes da compra. “Para pedalar na cidade, é importante procurar uma bicicleta que seja de uso urbano e não de mountain bike. Dê preferência para pneus mais lisos e finos porque os pneus com cravos são feitos para a terra. E se você mora em uma cidade com subidas, opte por uma bicicleta com marcha e o ideal é que tenha aro 700c.



Bicicleta elétrica

Segundo a Aliança Bike, houve uma forte migração do uso do carro para a bicicleta elétrica: 56% das pessoas que a utilizaram no ano passado para trabalhar ou estudar costumavam se deslocar de automóvel. “Além dos benefícios inerentes ao uso da bicicleta, como ser um transporte saudável e que não polui, tem o ganho da mobilidade urbana em diversas cidades”, afirma o diretor executivo da associação, Daniel Guth.

Já para quem quer se tornar um ciclista profissional, existem diversas modalidades extremamente técnicas e com um alto nível de tecnologia. No Brasil, o mountain bike cross country é o mais praticado por quem gosta de se exercitar ao ar livre e exige bicicletas robustas, com pneus mais largos e com cravos, que sempre possuem amortecedores. No caso do mountain bike downhill, as bicicletas são ainda mais robustas por serem usadas para descidas nas montanhas ou em competições como a Descida das Escadas de Santos.

Para quem quer apenas se exercitar, Netto afirma que a bicicleta é um bom começo para sair do sedentarismo, mas é preciso que haja uma mudança de hábitos para ter resultados melhores. “É preciso que se transforme em um lazer e faça parte da rotina. Pode só pedalar de fim de semana porque qualquer exercício é melhor do que nenhum. Mas um mês de prática já é o suficiente para perpetuar o hábito”, afirma ele.

Marcelo Santos – Crédito: arquivo pessoal


Devagar e sempre, sem cobranças ou comparações. Esse é o conselho de Santos, que atualmente pedala 30 quilômetros em um treino durante a semana e nos finais de semana faz de 100 a 160 quilômetros, além de treinar na academia. “O mais importante é começar. O objetivo deve ser se superar e não ser melhor do que os outros. Procure locais como ciclovias para ir se acostumando com o pedal e também por grupos que têm o mesmo objetivo que o seu”.

Para ele, além de reduzir os engarrafamentos e contribuir com o meio ambiente, a bicicleta traz uma sensação de liberdade e bem-estar que os outros esportes não proporcionam. “Dificilmente encontraremos um ciclista em um momento de lazer em que não esteja com um sorriso no rosto”, finaliza Netto.

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