Das cidades às trilhas: conheça os principais tipos de bikes para diferentes terrenos, perfis e modalidades

E, sim, a bicicleta é para todas as pessoas. Ela é versátil, democrática, sustentável, sociável. Não importa se você é iniciante, tem baixo valor para investir, ou qualquer outro fator. Adotar a bike no seu dia a dia ou nos momentos de lazer, é uma prática que só traz benefícios. Aliás, são muitos, desde físicos, mentais e até sociais.

Pedalar, além de nos colocar em movimento, reduz o colesterol, regula a pressão arterial, preserva as articulações, auxilia no emagrecimento, no funcionamento do intestino, do coração e da coordenação motora. Ao mesmo tempo, reduz estresse, ansiedade, depressão, melhora o humor e a qualidade do sono.

Mas não é só isso. Utilizar bike gera ainda economia e preservação ao meio ambiente, quando substitui o uso de transportes movidos a combustível. E, por fim, melhora as relações sociais, já que naturalmente, novas amizades são formadas com pessoas que têm a mesma paixão e hábito, como os ciclistas.

Ficou entusiasmado em pedalar, mas não sabe como começar? Neste texto, vamos explicar os principais tipos de bicicletas, indicações de uso e qual o modelo mais indicado para o seu estilo ou necessidade. Vamos destacar também o ciclismo noturno, uma ótima opção para você iniciar no pedal de forma que enfrente menos trânsito e, se desejar, evoluir para aventuras mais fortes na bicicleta. Confira:

Primeiramente, vamos destacar esse modelo que está crescendo muito no Brasil e no mundo. As bicicletas elétricas (e-bikers) são uma opção para quem busca conforto, praticidade, agilidade e deseja chegar ao destino sem se preocupar com a roupa suada ou amassada.

Isso porque uma e-biker tem um motor que transforma energia elétrica em mecânica, que facilita o movimento das rodas e exige menos força nas pedaladas. Conforme o ciclista pedala, gera força ao motor, que é ativado e faz a locomoção da bike.

Mas, se deseja menos esforço e maior conforto, há modelos de bikes elétricas com acelerador. Nelas, o ciclista pode alterar o pedal pelo acelerador, diminuindo assim, o esforço físico. Mas, se preferir, pode alternar entre o acelerador, utilizar o pedal, ou combinar os dois.

Um detalhe importante: entre os modelos para uso no cotidiano, as bicicletas elétricas têm preço mais elevado se comparado às bikes urbanas ou de passeio, por exemplo.

Se você está à procura de uma bicicleta para usar no dia a dia, tornando-a seu principal meio de transporte pela cidade, os modelos urbanos são os ideais para esse objetivo.

As bikes urbanas apresentam mais opções de marchas, acessórios, garfos de suspensão, conforto no assento e design mais simples e leve. Tudo para garantir comodidade ao ciclista pelo percurso. Este modelo é indicado para usos diversos na cidade, seja para locomover-se ao trabalho, escolas, faculdade. Mas, também pode ser utilizado em passeios em parques, dentre outros locais da cidade.

Os modelos de bikes urbanas são mais simples, logo, também têm preços mais acessíveis e exigem baixa manutenção.

Fazer um pedal curto e tranquilo, sentindo a brisa do vento no rosto e apreciar a paisagem são os seus objetivos? Neste caso, a bike de passeio é a melhor escolha.

Este modelo é o típico que acompanha as clássicas cestinhas, assento de garupa, bagageiro traseiro ou espaços extras para bagagens ou sacolas. As bikes de passeio têm um design diferenciado, com bancos mais largos, possuem marchas e são mais baixas.

As bikes de passeio são muito comuns em praias, parques e em trajetos curtos, sem muitas subidas, pois este modelo tem quadro em cromo, logo, são mais pesadas.

Gosta de pedalar forte para competir ou de forma amadora em terrenos pavimentados? A bike de estrada (road) é o modelo indicado para os amantes deste tipo de ciclismo.

A road é feita para pedalar em estradas boas, com comodidade, velocidade e facilidade. Em competições, um atleta pode percorrer até 200km. Logo, a bicicleta precisa ser leve, resistente, mas também oferecer conforto e rapidez!

Este modelo é característico por ter seu guidão com uma curvatura para baixo, que favorece diversas posições de pedalada do ciclista e também gera mais aerodinâmica.

Além disso, as estradeiras das bikes podem ter subdivisões em categorias. Todos esses atributos são feitos especialmente para garantir mais velocidade, seja em subidas, descidas ou em plano reto.

Seu perfil é mais radical e o seu interesse é fazer trilhas pela natureza e se aventurar em terrenos acidentados? O modelo Mountain bike (MTB) é o mais indicado!

As MTB's são mais robustas, têm rodas mais altas, pneus largos, quadro de carbono, são mais leves e resistentes - de modo que facilita o transporte para qualquer lugar. Além disso, o modelo MTB tem marchas que ajudam a enfrentar fortes subidas e contam com suspensão, podendo ser dianteira, traseira ou ambas, garantindo mais conforto e estabilidade em solos irregulares e manobras com alto impacto.

Esse modelo também pode ser utilizado no asfalto. O uso também é muito comum em cicloturismo, em viagens longas, nas quais o ciclista enfrenta diferentes tipos de solo, terrenos e asfalto ao longo da aventura entre cidades e até mesmo, países.

Ciclismo noturno: para quem quer começar ou evoluir no pedal

Você já tem a bicicleta, mas ainda não adquiriu o hábito de pedalar? Ou quer intensificar o seu ritmo, evoluir para desafios mais pesados no pedal?

O ciclismo noturno é uma opção que pode atender esses e outros objetivos. Os night bikers, como são chamados os integrantes dos grupos de ciclismo noturno, são pessoas que compartilham o mesmo amor pela bike e se reúnem para pedalar à noite, sempre em pelotão.

Essa alternativa é ideal para quem não tem tempo para pedalar durante o dia. Ao mesmo tempo, também é mais segura, em especial para iniciantes, já que pela noite o fluxo de carros nas ruas é reduzido. Além da atividade física em si, esses encontros geram momentos de lazer, sempre regados a novas amizades, exploração das cidades, parques, novos lugares, e também confraternização, com as tradicionais paradas em bares, quiosques para um breve lanche e refresco!

Pelo Brasil, há diversos grupos de ciclismo noturno, desde grandes cidades às pequenas. Um exemplo é o Canela Seca grupo de MTB e night bikers, que há mais de quatro anos realiza passeios noturnos por Peruíbe, litoral sul de São Paulo.

Wendel Melquiades faz parte do Canela Seca desde a fundação. Ele explica que o grupo realiza os encontros de segunda a sexta, com diferenciação de estilo de pedal e nível do perfil do ciclista, que, já são 150 integrantes ativos. “Para quem está começando ou quer aprender a pedalar, nas terças e quintas, nós temos o pelotão para iniciantes, com percurso de 20 a 25 km/h. Já para quem tem experiência, temos os encontros nas segundas, quartas e sextas. Nestes dias nós temos o pelotão intermediário e avançado, que pedalam cerca de 40 km/h. Este é um treino cadenciado, com objetivo de obter condicionamento físico para realizar trilhas aos finais de semana”.

Ainda que haja menor tráfego de carros à noite, é importante se atentar às recomendações de segurança. Nos passeios realizados pelos grupos de ciclismo noturno, os líderes dos night bikers conduzem e orientam os ciclistas dentro das normas da via. Como, por exemplo, planejando as rotas, respeitando as sinalizações, trafegando pela direita e próximo do acostamento, mantendo a distância devida dos carros e demais ciclistas.

Mas, além disso, cada pessoa também pode (e deve) preservar a sua própria segurança. Neste caso, realizar a manutenção da bicicleta, dispor de faróis dianteiro e traseiro, utilizar capacete, lanterna e roupas com refletores, entre outros.

É fundamental também realizar a calibragem dos pneus e utilizar os ideais para cada tipo de bike e trajeto. Por exemplo, se a bicicleta é do modelo urbano, o pneu slick é o mais recomendado. Este modelo é mais fino, liso e tem maior durabilidade, é utilizado para pedalar no asfalto e na estrada.

Mas, se a bike é MTB, o pneu mountain bike é o mais indicado, pois é projetado para terrenos acidentados, com variações como pedras, lama, buracos, entre outros obstáculos da natureza. “Nossas bikes são MTB, então utilizamos os pneus de cravo médio ou alto, e misto que serve para os dois tipos de percurso, seja asfalto e trilha”, explica Melquiades.

Obviamente, que, no começo, você pode não ter todos os itens, o que não é impeditivo. Além da vontade, Melquiades explica que para começar, basta ter “uma bicicleta com marcha, para aprender a desenvolver a velocidade, e capacete de segurança”, no mínimo.

Conforme você evoluir no ciclismo, quem sabe passe a explorar aventuras maiores. Como é o caso da viagem ciclística que o grupo Canela Seca realizará de Águas da Prata, Minas Gerais, até o santuário de Aparecida do Norte, em São Paulo.

“Estamos em um grupo de 40 pessoas. Vamos primeiro a Minas Gerais e depois vamos realizar o Caminho da fé. São aproximadamente 330 km, 9 mil metros de altimetria. É um dos cenários mais difíceis que o MTB oferece, pois, além do calor, há muita subida. O trajeto leva cinco dias. Tem um cunho religioso, mas também aventureiro, pois é um cenário muito difícil, com estrada acidentada e muita subida. Poucos atletas assumem esse desafio de realizar o Caminho da Fé”, concluiu Melquiades.

Ficou interessado em iniciar as aventuras no pedal? Escolha sua bicicleta e procure um grupo de ciclismo e força no pedal!

Fotos: Envato