“Não pare para pensar, vá. Depois dessa experiência, outros desafios serão corriqueiros”. Esse é o conselho da tricampeã do Rally dos Sertões, Sandra Dias, para as mulheres que têm vontade de participar de uma competição e se inspiram nela e em suas companheiras de equipe. O desafio é grande, mas elas provam que é possível ultrapassar barreiras com alegria e satisfação.
Sandra gosta de carros desde a infância e quando o marido, Glauber Fontoura, começou a participar de ralis, ela passou a visitar as trilhas e se sentir em casa naquele ambiente. Para ela, o amadurecimento dessa paixão e o aperfeiçoamento nas competições fez com que se tornassem mais competitivos nesse tipo de disputa.
Sandra e Glauber – Crédito: Angelo Savastano
“Todas as vezes há uma emoção diferente e sempre existe um desafio a ser vencido. Mesmo com serenidade, sempre que estou na competição é como se fosse a primeira vez”, explica a piloto que já uma veterana no maior rali das Américas.
E todo o esforço tem valido a pena. Sandra conquistou três títulos no Regularidade: além de dois prêmios na categoria Turismo, ela foi a primeira mulher a ser campeã na categoria Master, ao lado do navegador Igor Quirrenbach. “Entregamos nossas vidas aos nossos navegadores, o cuidado e a precisão de cada curva depende dele, de suas orientações precisas e lúcidas. Para a parceria dar certo tem que haver muita confiança em quem navega, além da sintonia entre o piloto e o navegador, que é fundamental para um bom desempenho durante o rali”, diz ela.
O diferencial do rali de Regularidade é que o objetivo é manter as médias horárias pré-estabelecidas e completar o roteiro com precisão, capacidade de cálculo e raciocínio, qualidades que Sandra e Quirrenbach têm mostrado nas trilhas desde de 2018, quando essa parceria começou.
Sandra e Igor – Crédito: Vinicius Ferraz
Mulheres no comando
Ao lado do marido, que é pentacampeão do Sertões, Sandra comanda a FD Rally Team, uma das maiores equipes do grid e com o maior número de mulheres entre pilotos e navegadoras desde 2016. No ano passado, eles participaram da competição com dez carros, sendo quatro duplas de Cross Country e seis duplas de Regularidade.
“Tenho o prazer em dizer que apresentamos ao universo do rali uma nova forma de conduzir esse trabalho. Com a sabedoria e estratégia das mulheres, os resultados se tornaram muito mais marcantes e várias equipes já arriscam a mesclar seu time”, comemora ela, que vem abrindo espaço para os talentos femininos se destacarem na competição.
Para Sandra, que no ano passado ficou mais de 10 horas pilotando em uma das etapas do Rally dos Sertões, a maior dificuldade é a ansiedade e o cansaço físico. Por isso, o foco, concentração e vitalidade são fundamentais e quem estiver melhor preparado física e mentalmente consegue alcançar melhores resultados.
Além de piloto, Sandra também é empresária e teve que rever seus planos neste último ano. “Tivemos que usar o aprendizado do rali sobre quando há a necessidade de colocar o pé no freio, encher o peito de ar para depois poder largar novamente e só então acelerar”, conta ela.
A equipe, que já chegou a ter 100 pessoas entre competidores e staff (engenheiros, mecânicos, cozinheiros, fisioterapeutas, etc) decidiu se manter reclusa e se preparar para a competição do ano que vem. “O desafio será gigante e voltaremos com tudo em 2022”, diz a piloto. Mais uma vez Sandra usa a sabedoria e estratégia para avaliar as condições, se preparar e voltar à competição com ainda mais força e vontade de vencer.