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110 anos: das corridas às ruas

Quase nem se nota que já se vão 110 anos de existência! E olha que cada um desses anos foi vivido até o limite e com uma firme convicção: o automobilismo não é apenas entretenimento, mas também — ou acima de tudo — uma maneira de desenvolver produtos que possam mudar a história dos pneus de passeio

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A Pirelli, fundada em 1872, se tornou definitiva e globalmente associada ao mundo do automobilismo em 1907 graças à vitória do príncipe Scipione Borghese no extenuante rali Pequim-Paris na direção de um Itala. Foram 16 mil quilômetros através de desertos, cortando rios, cruzando florestas e correndo em estradas de cascalho, sem que isso afetasse a confiabilidade desse carro potente e dos pneus Pirelli.

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O INÍCIO. Nos anos que antecederam à Primeira Guerra Mundial, a Pirelli amealhou uma sequência ininterrupta de sucessos no automobilismo. Mas foi nos anos 1920 que a era de ouro começou, quando Monza se tornou a sede do primeiro grand prix em 1922. Nessa pista recém-construída, Pietro Bordino foi o vencedor, à frente de Felice Nazzaro. Os Fiat 804s dos dois competidores eram idênticos, assim como eram os pneus: Superflex Cord da Pirelli. Em 1924, iniciou-se a famosa 
colaboração entre a Pirelli e a Alfa Romeo. Foi o prenúncio de uma era de domínio nos campeonatos pelo aparentemente imbatível Alfa Romeo P2; isso se deu também graças a alguns campeões com um talento espantoso como Giuseppe Campari e Antonio Ascari. A corrida de 1925 em Monza foi anunciada como o primeiro grand prix do Campeonato Mundial: mais uma vez, a corrida foi vencida pela Alfa Romeo, dessa vez com Gastone Brilli-Peri. Ele usou o Superflex Cord Pirelli, que logo ficou conhecido como o ‘pneu da vitória'. 

GANHANDO MATURIDADE. Foi na década de 1930 que Tazio Nuvolari virou uma lenda. Nas Mil Milhas de 1930, por exemplo, ele desligou os faróis à noite, quando estava perto do Lago de Garda, para alcançar na surdina Achille Varzi, seu colega de equipe, e ultrapassá-lo. Nuvolari prosseguiu com vitórias também em Monza, novamente usando os pneus Stella Bianca da Pirelli, e sua reputação foi crescendo a cada corrida. Enquanto isso, a Pirelli também conquistava sucessos semelhantes com motocicletas. O Monocord foi seguidamente vitorioso durante toda a segunda metade da década de 1930 graças a pilotos como Piero Taruffi: outro campeão do esporte de duas e quatro rodas.  

A CONSAGRAÇÃO. Foi na década de 1950 que a Fórmula 1® como a conhecemos ganhou força. Os quatro primeiros campeonatos mundiais foram, todos eles, vencidos pela Pirelli: começando em 1950 com Giuseppe Farina e a Alfa Romeo, equipada com pneus Stella Bianca, que foram então modificados, passando a ser chamados de Stelvio. Em 1951, o lendário Juan Manuel Fangio conquistou seu primeiro campeonato com uma Alfa Romeo equipada com pneus Cinturato, que também seriam vencedores com a Ferrari de Alberto Ascari em 1952 e 1953. Mas a Pirelli olhava, com um interesse crescente, para carros de corrida mais semelhantes a carros de passeio, para os quais estava desenvolvendo pneus de altíssima performance adequados a uma variedade de usos.
Em 1954, a Pirelli venceu em Le Mans com uma Ferrari 375MM pilotada por Froilan Gonzalez e Maurice Trintignant. Três anos depois, a Maserati 450S equipada com pneus Pirelli triunfou nas mãos de Fangio e Jean Behra nas 12 Horas de Sebring. No final daquele mesmo ano, o campeão argentino conquistou seu quinto título na Fórmula 1®, dirigindo uma Maserati com pneus Pirelli. E foi então que a primeira era da Pirelli em grands prix chegou ao fim.  

NOVOS TERRITÓRIOS. As competições são vistas como o melhor laboratório possível de pesquisa e desenvolvimento para carros de passeio, um princípio que norteia a Pirelli. Nos anos 1970, a Pirelli levou esse “parque de diversões” para os ralis. O P7, o primeiro pneu de perfil baixo da Pirelli, e o P Zero — que iniciou uma família de pneus de perfil baixo, ainda hoje conhecidos por esse nome — conquistaram centenas de títulos nacionais e internacionais em campeonatos de todo o mundo.
Inúmeras vitórias inesquecíveis transformaram-se em lendas, incluindo as conquistas de Sandro Munari com o Lancia Stratos em dois ralis de Monte Carlo na década de 1970 e as vitórias de Markku Alen com a Lancia 037, em 1983 e 1984, no asfalto rápido do temido Tour de Corse. A essa história de sucessos foi acrescentada, em 2008, outra conquista do nove vezes campeão mundial Sebastien Loeb para a Citroën, e outras incontáveis vitórias dos pilotos de rali italianos. Isso não ocorreu somente em eventos nacionais, mas também campeonatos mundiais, como as conquistas de Franco Cunico e Piero Liatti, que venceram o Rali de Sanremo em 1993 e 1995, respectivamente.
Mas territórios diferentes não significam apenas ralis e sucesso em outros circuitos. Nas décadas de 1970 e 1980, o mercado de motociclismo passou por enormes transformações. A participação da Pirelli em competições sobre duas rodas tomou uma nova direção com motocross, enduro e cross-country, que passaram a envolver mais e mais equipes e pilotos.

DE 2000 PARA O FUTURO. O início de um novo século destacou ainda mais a participação da Pirelli no automobilismo em todos os continentes. Já em 2004, a empresa italiana marcou presença no World Superbike Championship: uma associação que vai continuar pelo menos até o fim de 2018, uma espécie de recorde quando se fala de parcerias duradouras no automobilismo. O slogan ‘vendemos o que usamos, usamos o que vendemos' é o ponto focal da presença da Pirelli em competições de motos.
Mas um novo século também significa um novo caminho para a Fórmula 1®. A Pirelli voltou à Fórmula 1® na década de 1980, obtendo importantes conquistas como a vitória de Nelson Piquet no Grand Prix da França de 1985 e o triunfo de Gerhard Berger no México em 1986. Naquela época, o pneu F1® era o P7: um nome que já era intimamente associado à competição. Foi com o P7 que Ayrton Senna estreou na Fórmula 1® em 1984, pilotando para a Toleman. Naqueles dias, os pneus Pirelli eram usados por equipes como Lotus, Brabham, Arrows, Osella, Fittipaldi e Minardi. Após a década de 1980, no início da década de 1990, a equipe Benetton, que se tornava cada vez mais competitiva, também se juntou à família Pirelli e foi com o P Zero da Pirelli que Michael Schumacher iniciou o segundo grand prix da sua carreira brilhante em Monza em 1991. No mesmo ano, Piquet levou o Benetton equipado com o P Zero à vitória no Canadá. A Pirelli deixou a Fórmula 1® no final da temporada para se concentrar em outras séries como o IMSA na América, vencendo em 1995 com a Ferrari 333 SP, e, no ano seguinte, com a Riley & Scott pilotada por Wayne Taylor. A volta da Pirelli à Formula 1® foi anunciada em 2010. No ano seguinte, a companhia italiana já estava competindo com a sua nova variedade de P Zero caracterizada por seis marcas laterais coloridas: quatro indicando os diferentes pneus lisos mais verde e azul indicando, respectivamente, componentes intermediários e de chuva. De 2016 em diante, apareceu uma terceira cor: roxo, indicando pneu ultra macio, que passou a ser o componente mais macio da gama de pneus. Em 2017, o terceiro dos contratos de fornecimento se iniciou, e o objetivo é, mais uma vez, a introdução de novos pneus de acordo com os mais recentes regulamentos que demandam os compostos de maneira bem mais significativa. Os pneus ficaram mais largos cerca de 25% em comparação aos anos anteriores, com o objetivo de aumentar a superfície de contato e a velocidade nas curvas, que deverá ser bem mais rápida nesta temporada. O futuro já começou.