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No trânsito, tudo importa

Cada vez mais a conscientização sobre o respeito às leis e os cuidados com a segurança são fundamentais para um trânsito melhor

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Com a maior conscientização da sociedade e das instituições sobre a segurança viária, o debate sobre o tema tem vindo à tona junto à análise de dados.  Os últimos números  apontam que 210 mil pessoas ficaram com lesões irreversíveis, segundo o Instituto de Segurança no Trânsito (IST) com base nas AIH (Autorizações de Internação Hospitalar) do Ministério da Saúde.

Esse resultado traz à tona o papel de cada motorista como um elemento crucial na busca por um ambiente viário mais seguro. Cada vez mais, as autoridades e especialistas destacam a importância de uma condução responsável e consciente, capaz de prevenir acidentes e preservar vidas. Nesse contexto, a atenção, o respeito às leis de trânsito e a prudência são pilares fundamentais na missão de construir um tráfego mais seguro.
 
“O problema é que o condutor desconhece o risco que causa para si e para os outros. Uma colisão a 60 km/h é quatro vezes mais brutal do que a 30 km/h. A questão do controle da velocidade é absolutamente essencial para a segurança viária”, explica o Dr. David Duarte Lima, Presidente do IST; professor de Epidemiologia dos Acidentes de Trânsito da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB); Doutor em Segurança de Trânsito pela Université Libre de Bruxelles; ex-Coordenador Geral do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN; ex-Coordenador do Fórum Permanente pela Paz no Trânsito (Brasília); e autor da coleção Trânsito Consciente.

Dr. David Duarte Lima

Quanto maior em tamanho, maior deve ser o cuidado

Só que, além desses aspectos comportamentais, é essencial considerar o papel que cada tipo e tamanho de veículo desempenha nos danos gerados por acidentes. Desde os ágeis e compactos veículos de passeio até os imponentes caminhões de carga, cada categoria possui características próprias que influenciam diretamente na dinâmica e na gravidade dos acidentes.

Os veículos de menor porte, como automóveis e motos, são frequentemente associados a acidentes com vítimas fatais pela vulnerabilidade em colisões. A rapidez com que esses veículos se deslocam, aliada à falta de proteção adequada para os ocupantes, aumenta significativamente o risco de lesões graves.

Por outro lado, os veículos de grande porte, como ônibus e caminhões, embora ofereçam maior proteção estrutural aos ocupantes, apresentam desafios próprios no que diz respeito à segurança. Sua massa elevada e menor capacidade de frenagem exigem uma atenção redobrada por parte dos motoristas, além de uma manutenção rigorosa para garantir o pleno funcionamento dos sistemas de segurança.

Nesse sentido, quanto maior o veículo, maior o dano. Tanto que o Artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro tem um parágrafo específico sobre o tema: “Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”.

“Todos são responsáveis pelos mais frágeis. Esse artigo inverte a lei da selva, da cadeia alimentar, ou seja, quanto mais vulnerável, mais protegido deve ser. Mas na prática não é isso que acontece. Na lei da física, a força da colisão, o impacto, é diretamente proporcional à massa do veículo, ou seja, quanto maior a massa, maior a força do impacto e os danos do gerados”, explica o Dr. Lima.

Diante desse panorama, é fundamental que os motoristas compreendam não apenas a responsabilidade individual na construção de um trânsito seguro, mas também o impacto que o tipo e tamanho de seu veículo podem ter em caso de acidentes. Somente por meio de uma condução consciente e do respeito mútuo entre todos os usuários das vias será possível alcançar o objetivo de reduzir os índices de acidentes e preservar vidas no trânsito.

Fatores de acidente

Há muitos fatores que contribuem para acidentes. “Nossas vias precisam melhorar em termos de segurança e nosso espaço urbano também. As vias ainda são hostis aos pedestres, às pessoas com mobilidade reduzida e o tempo do semáforo não é suficiente para o pedestre cruzar a pista”, destaca o Dr. David.

Ele esclarece que a manutenção dos veículos é outro componente que requer atenção tanto dos motoristas como das autoridades. “Os veículos não têm a manutenção devida, parte estão em más condições gerais de itens básicos, como iluminação, freios, limpadores de para brisa, por exemplo, sem falar nas condições do próprio condutor, com o consumo de álcool e medicação impeditiva à condução de veículos e uso de celular.

Pneus são item essencial na segurança

Em qualquer tipo de veículo, um componente é fundamental para manter a segurança, os pneus. Por isso, alguns cuidados são primordiais. O primeiro deles é com as condições gerais. Pneus desgastados comprometem significativamente a aderência, especialmente em condições de estrada molhada. Pneus com sulcos profundos são essenciais para manter a tração e a segurança”, destaca Roberto Falkenstein, Consultor da Área de Tecnologias Inovativas da Pirelli.

A manutenção regular dos pneus e da suspensão é essencial para garantir a segurança e o desempenho do veículo. “Destacamos a importância de verificar a pressão dos pneus - mesmo que não pareça precisar -, o desgaste e a integridade dos componentes de suspensão, sempre fazendo rodízio, balanceamento e alinhamento em uma oficina de confiança”, completa Falkenstein.

Consertos inadequados também são outro ponto de atenção. O uso de macarrão, técnica muito usada em oficinas que consiste na aplicação de uma massa alongada dentro do furo do pneu, pode trazer sérios problemas. “Esse tipo de conserto tem grandes chances de volta a vazar ar quando você menos espera - e isso pode comprometer a segurança, forçando a estrutura do pneu que pode até provocar um estouro”, diz Falkenstein.

Considerando as especificidades de cada veículo, suas características como peso, estrutura, velocidade, critérios técnicos de manutenção e cuidados, os motoristas devem estar atentos à responsabilidade que desempenham no trânsito. Nesse sentido, os técnicos lembram que a segurança é responsabilidade de todos. Zelar e contribuir para um trânsito mais harmonioso e seguro é parte de um processo de conscientização constante, que passa por um conhecimento do veículo que está sendo conduzido, seu papel e respeito em cada via em que esteja circulando. O trânsito somos nós, portanto, façamos dele algo mais respeitoso. Somente juntos esse resultado será alcançado!