O Brasil esta dando um importante passo no cenário sustentável internacional. Na pequena cidade de Croatá, uma localização promissora no interior do Ceará, a 55 km de Fortaleza, está em desenvolvimento a primeira “Smart City” do mundo. O conceito de Cidade Inteligente é um projeto da start up italiana Planet, em conjunto com parceitos pioneiros nas áreas tecnológica e de arquitetura e urbanismo. A Planet vê neste modelo um piloto que poderá ser utilizado em outras partes do mundo, passível de financiamento e incentivos pelos governos e órgãos locais.
Chamado de Laguna EcoPark Residencial, o projeto de engenharia tem como princípio de planejamento dois importantes fenômenos característicos de países emergentes: 1. Os fluxos migratórios do campo aumentarão a população que vive em grandes cidades do nível atual a 50% a 80%, ao longo dos próximos 25 anos. 2. 27% da população mundial têm menos de 15 anos. Isso quer dizer que no futuro novos profissionais entrarão para o mercado de trabalho a uma grande velocidade e irão buscar por serviços e moradia. “Essa tipologia de cidade nasce para gerir de forma ordenada tais fluxos com serviços inovadores”, disse Gianni Savio, diretor geral da Planet, à revista Comunità Italiana.
Dessa forma a Smart City não é encarada como uma opção simples, mas a única escolha para garantir a otimização da utilização dos recursos materiais e do consumo de energia, reduzindo ao máximo a produção de resíduos e poluentes e oferecendo uma série de prestação de serviços eficientes aos cidadãos em termos de mobilidade, conectividade e informação.
Os seis pilares da Smart City são: planejamento urbano e organização, arquitetura além das regras tradicionais da habitação social, tecnologia dedicada, mobilidade inteligente, vida comunitária, energia limpa.
Um dos conceitos-base para a criação e desenvolvimento da Cidade Inteligente esta na sustentabilidade econômica. A PLANET desenvolveu este projeto mantendo-se dentro dos parâmetros econômicos impostos pelo programa governamental brasileiro de Habitação Social, “Minha casa, minha vida”. E os criadores aplicam estratégias inovadoras para garantir a qualidade e competitividade do empreendimento, projetado para abrigar até 21.000 habitantes em 5.000 casas e prédios comerciais, ao longo dos próximos anos.
O conceito é simples: não basta habitar uma cidade, você tem que viver na cidade. Ou melhor: você tem que viver a cidade. Dessa forma ela deve estar conectada a você com fatores concretos e digitais, no papel de uma Cidade Inteligente Social.
O Plano Diretor da Smart City é um espaço urbano com desenho feito por arquitetos e engenheiros de acordo com padrões normalmente reservados para um nível de renda mais alto, porém é destinado e construído para padrões de renda média-baixa. Em vez de morar em um bairro da periferia de uma grande cidade, o desafio é oferecer a população a chance de morar em ambientes com uma vida comunitária de qualidade e nada artificial. È uma oportunidade de sentir que não estão vivendo à margem, mas sim que possuem acesso as melhorias de uma comunidade consciente em termos de estrutura, transformação, ciência, habitação e acessibilidade. “São dois níveis de integração: o primeiro deles é técnico, e o segundo é humano. As pessoas precisam ter conhecimento dos serviços, do melhor uso da energia elétrica e da água, do transporte. Para isso, as plataformas digitais estarão presentes para informar e ajudar a gerir a vida comunitária”, afirma Savio.
O morador de Croatá estará imerso num sistema social integrado, com cobertura de internet via Wi-Fi público, e um aplicativo específico de Smartphone que se destina por exemplo para soluções de serviços de logistica como o transporte alternativo, acompanhamento do trânsito na região, dispositivos para consulta de dados, monitoramento eletrônico de gastos e consumos e também a utilização de serviços como o compartilhamento de bicicleta, motos e carros. Através desse aplicativo as pessoas também podem interagir com os demais moradores e manifestar opiniões a respeito dos serviços disponíveis. Será até possível efetuar pagamentos via Smartphone. Tudo dentro do princípio do uso misto entre residência e comércio. Terão corredores verdes com proteção ambiental, ciclovias, áreas para pedestre, serviços de mobilidade alternativos, além de sistemas de infraestrutura de reaproveitamento das águas residuais, rede elétrica totalmente cabeada, controle computadorizado da iluminação pública e praças dotadas de equipamentos esportivos que geram energia.
Mais do que uma construção imobiliária, a Cidade Inteligente Social é pioneira em uma nova técnica de arranjo social, com sensores de uma cultura colaborativa amadurecida. A inovação permite o compartilhamento de recursos, conexões entre quem oferece um serviço e quem necessita dele, acesso criativos relacionados a espaços comuns de educação e lazer. Mas para isso, é necessário que as pessoas também entendam o conceito e o utilizem com inteligência cotidianamente.
A tecnologia também oferecerá ajuda para desenvolver programas sociais, como cursos de prevenção médica, nutrição, alfabetização digital e hortas compartilhadas. Um ambiente sensível e socialmente inclusivo, que promove o conforto e a interação através de projetos educacionais, culturais e esportivos. O intuito é plantar na Cidade Inteligente o potencial necessário para se tornar um espaço que não se resume ao simples “morar”, mas que abra portas para se viver.
O projeto visa cobrir a maioria das necessidades dos cidadãos para que não tenham que fazer longas viagens a um grande centro comercial para procurar serviços. A oferta de toda essa infraestrutura aumenta a quantidade de tempo livre disponível para cada cidadão, e a melhoria de sua qualidade de vida. A introdução do uso misto da cidade é fundamental para fazer a cidade se sentir viva durante todo o dia. Os componentes residenciais, comerciais e as atividades artesanais devem ser misturados uns com os outros, a fim de gerar atratividade e, ao mesmo tempo, um senso de segurança e monitoramento da área de prevenção da criminalidade.