O Porto do Pecém faz parte de um conceito de desenvolvimento que integra atividades portuárias e industriais. O projeto do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) incorpora tanto o Porto como indústrias na área siderúrgica, refinação de petróleo e também petroquímica. Devem entrar em uma nova leva de investimentos especiais de ampliação do complexo a construção de áreas residenciais, restaurantes e futuramente, serviços provenientes de um novo centro comercial, junto com um espaço de exposições e espetáculos.
Porém, o porto tem como missão incrementar o transporte de cargas da região, sempre oferecendo uma completa infraestrutura de programas, sistemas e parcerias que resultem no desenvolvimento socioeconômico da população do Estado do Ceará. Um projeto incorporado com recursos do plano de desenvolvimento do Estado.
Hoje o Porto do Pecém tem funcionamento 24 horas nos 365 dias do ano e movimenta aproximadamente 11 milhões de toneladas de matérias-primas siderúrgicas, produtos industrializados acabados, placas de aço, alguns tipos de fertilizantes, cereais, minério e seus derivados, além de sua grande especialidade na exportação de frutas.
Mas vamos voltar um pouco ao início do projeto
Na década de 90 o Brasil se reergueu no cenário da economia internacional e o desenvolvimento dos portos se tornou cada vez mais essencial. O Porto do Mucuripe, em Fortaleza, era o ponto mais próximo para as embarcações que chegavam e partiam para diversas regiões do mundo como Europa, Estados Unidos e Ásia. Mas estava sobrecarregado e perdendo oportunidades de crescimento. Diante desse cenário, os políticos do governo do estado do Ceará precisaram buscar uma alternativa logística para recebimento e envio de cargas e promover um maior desenvolvimento ao Estado.
Distante cerca de 60 km de Fortaleza, a Praia do Pecém, localizada no município de São Gonçalo do Amarante, passou por diversos estudos ambientais e geográficos e, não só poderia receber navios de grande porte, como possuía uma grande área de esplanada com baixa densidade, que permitia a instalação de outras grandes construções, como alguns prédios administrativos e industriais, e foi então o local escolhido para a implantação de um novo porto.
As obras foram iniciadas em 1996. Especialistas projetaram o uso da terra de acordo com as necessidades de infraestruturas: no plano constavam estradas principais de acesso e ferrovias e um porto de águas profundas. Um sistema de abastecimento de água e estações de energia também estavam descritos nas operações do projeto para aceitar as indústrias âncoras.
E em um dia histórico para o Porto, no ano de 2001, aportava no Pecém o primeiro navio de operação comercial. Naquele dia, foram destinados aos Estados Unidos mais de 2 mil toneladas de produtos de produção local, contendo calçados, granitos, couro, castanha de caju e outros.
A concepção do terminal, em buscar águas profundas de navegação e na preservação das condições ambientais, faz com que as instalações de atracagem dos navios se localizem a certa distância da costa, o que se fez necessário a construção de uma ponte para interligar os "píers" e o complexo de armazenagem. Esse formato de terminal “off shore”, permite que os píers de atracação dos navios fiquem protegidos da ação das ondas e correntezas através de um bloqueio “quebra-mar” em forma de “L”. São atualmente dois terminais nesse formato, interligados ao continente por uma ponte rodoviária e que possui 1.768 metros de extensão.
As primeiras formas de uso da região de Pecém foram feitas pelas populações indígenas, o que trouxe a interação com a natureza a partir da pesca. Os árduos moradores construíam suas próprias jangadas e comercializavam os peixes em todas as regiões vizinhas. Praticantes de esportes populares na área, como o surf e vela também se reuniam na orla. Conhecido como "a jóia do Ceará", o Porto do Pecém, desde o começo, transformou a vida desses moradores: parte dessa população conseguiu vagas de emprego no terminal portuário e outro monte foi realojado para áreas ao logo da costa e do rio Anil, e seguiram a trabalhar com a pesca.
A preocupação e melhores práticas de controle e gestão ambiental
Em 1995, antes a aprovação do projeto de construção do porto, navios da Marinha do Brasil realizaram levantamentos eco batimétricos na costa do Ceará. Mas o porto deveria seguir adequadamente as medidas de segurança da Marinha, que segue padrões internacionais, mas que é considerada por muitos neste negócio, como muito exigente.
E desde então o Porto do Pecém, junto com a Cearáportos (empresa responsável pela integração portuária no Ceará), realiza constantemente o controle subaquático: os perfis de velocidade do som são medidos constantemente, uma estação de sensores de maré foi instalada próximo ao local do porto, para postar os dados brutos da movimentação das correntes, além de criar uma imagem precisa e confiável da topologia do fundo do mar.
A metodologia de estudo é tão impressionante, que a partir do trabalho desenvolvido pelo Porto do Pecém será possível atender os requisitos de pesquisa da Marinha do Brasil com precisão e eficiência nos outros 30 portos em todo o país, e conseguir o mesmo destaque dos resultados.
O grande legado deste projeto está no seu formato de construção “off shore”. Por ser afastado da costa, mas conectado a ela por meio de uma ponte, reflete em uma redução drástica no impacto do porto sobre o ecossistema costeiro e nas pegadas deixadas ao meio-ambiente. A única pegada que possui é a localização da estrutura. Os impactos de um porto com padrões normais de construção, geralmente envolve uma enorme quantidade de dragagem, que mesmo muitos anos depois, ainda afeta o sistema costeiro enormemente em termos de equilíbrio de sedimentos, correntes e ondas.
Ainda para o controle do ecossistema costeiro, a Cearáportos firmou desde 2005 um Programa de Monitoramento da Biota Marinha do Terminal Portuário do Pecém, que inclui a constante pesquisa de alterações na diversidade biológica marinha, como por exemplo, curiosidades sobre os efeitos danosos da introdução de espécies que não são nativas trazidas pelas grandes embarcações. Para isso, o programa trabalha com coletas mensais na bacia portuária e em áreas próximas ao porto, capazes de fornecer informações para a implantação de programas de controle e monitoramento de organismos e do meio ambiente subaquático.
Além disso, a partir do “quebra-mar” do Porto de Pecém, foi construída uma usina de ondas. Será a primeira na América Latina responsável pela geração de energia elétrica por meio do movimento das ondas do mar. Com tecnologia 100% nacional, a estimativa é de que o equipamento de baixo impacto ambiental esteja completamente pronto para funcionar até o ano de 2020.
Os resultados ambientais do Porto de Pecém provêm da atuação político-econômica do estado, e é considerado um dos fatores determinantes para o recebimento de grandes investimentos de todo o mundo. Investimentos estes que geram retorno para a manutenção de todo o ambiente oceânico da região.