A arquitetura é uma expressão profunda da civilização humana, que vai durar e sobreviver em formas de construções e monumentos onde as gerações futuras estudarão e se esforçarão para entender. E nesse contexto, todos os arquitetos representam uma grande força cultural, porque um projeto arquitetônico é uma expressão de forças, desejos, pensamento e ideais, bem como o progresso tecnológico de uma sociedade. É uma arte visual que cria obras irrevogáveis.
Grandes arquitetos, assim como grandes artistas, são possuidores de uma sensibilidade extrema para o impacto da luz e formas, cor e espaço. Donos de uma expressão criativa incrível são capazes de se expressar de uma forma única e seu trabalho se converte em uma obra arquitetônica a ser compreendida e apreciada.
Por isso, a fim de fazer uma homenagem àqueles que tanto nos inspiram, montamos uma lista com os grandes arquitetos brasileiros do século. Alguns reconhecidos por serem inovadores, outros famosos por criações icônicas e outros ainda por serem visionários do mundo moderno.
1. Oscar Niemeyer
Poucas são as personalidades que podem ser comparadas a importância que teve Oscar Niemeyer no desenvolvimento do país. Sem dúvida o arquiteto mais famoso do Brasil, mestre em desenhar curvas no concreto armado, é um dos maiores representantes do mundo da arquitetura moderna. Reconhecido internacionalmente com seus mais de 600 projetos, o artista Niemeyer sempre mantém a tradição das formas de desenho livre.
Niemeyer foi o grande projetista de Brasília, uma capital construída a partir do zero. E representou em cada edifício a sua visão utópica do governo. "Parecia que uma nova sociedade industrial estava nascendo, com todas as barreiras tradicionais deixadas de lado ao planejar as construções do governo para Brasília eu decidi que elas deveriam ser caracterizadas por suas próprias estruturas dentro das formas prescritas. Eu tentei empurrar o potencial do concreto para seus limites, especialmente nos pontos de carga, e eu queria ser o mais delicado possível, de modo que parecesse que o palácio mal tocava o chão.”
Niemeyer recebeu o Prêmio Pritzker de Arquitetura em 1988, o prêmio mais alto da arquitetura mundial, pelo projeto da Catedral de Brasília. No seu discurso de aceitação, Niemeyer explicou a sua filosofia de design: "A minha arquitetura seguiu os antigos exemplos: a beleza prevalece sobre as limitações da lógica construtiva.”
Niemeyer é o idealizador de uma galeria de marcos da arquitetura: o pavilhão da Bienal do Ibirapuera, a instalação da Oca também no parque Ibirapuera, o Edifício Copan, os Sambódromos do Rio de Janeiro e do Anhembi, a Catedral Cristo Rei em Belo Horizonte, o Catetinho (a primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek enquanto Brasília estava em construção) e diversos outros clássicos pontos de turismo Brasil a fora. Continuou a trabalhar até dias antes de sua morte, em dezembro de 2012, aos 104 anos.
2. Paulo Mendes da Rocha
Paulo Mendes da Rocha é um dos arquitetos mais cultuados do Brasil. Ele costuma dizer que foi criado vendo a engenhosidade do mundo. Formou-se acreditando na capacidade do homem de intervir na natureza de forma criteriosa. Em suas próprias palavras, “a primeira e primordial arquitetura é a geografia”.
Grande parte de seu trabalho é encontrado no estado de São Paulo, mas seu estilo é reverenciado mundo afora, o que lhe rendeu em 2017 a medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects. Mas seu grande reconhecimento internacional veio em 2006 com o Prêmio Pritzker. Segundo o júri, as obras de Mendes da Rocha modificam a paisagem e o espaço, procurando atender tanto às necessidades sociais quanto estéticas. São trabalhos reveladores de uma permanente busca de harmonia entre a arquitetura e a natureza enquanto forças congruentes. Capaz de aplicar a combinação de metal, concreto em um jardim de beleza inenarrável.
No seu portfólio de construção destacam-se o Mube – Museu Brasileiro da Escultura, a Praça do Patriarca, o Museu da Língua Portuguesa e o Club Atlético Paulistano, todos em São Paulo, a Capela de vidro em Campos do Jordão, a Capela de Nossa Senhora da Conceição no Recife, e o Museu Nacional dos Coches em Lisboa e foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da FAU até 1999.
3. Lina Bo Bardi
A intelectual arquiteta italiana naturalizada brasileira não encantava somente pela beleza de seus projetos, mas principalmente pela paciência e persistência com que conquistou seu espaço em uma sociedade machista. Lina sofreu muita resistência em se enquadrar, e fez da arquitetura seu plano para a transformação do mundo em um lugar mais igualitário e humano.
Deixou um histórico legado de obras no Brasil, que são fontes de referência da arquitetura Modernista. Sua obra prima é um dos prédios ícones da cidade de São Paulo, o charmoso MASP, Museu de Arte de São Paulo, localizado no coração da Avenida Paulista, com uma área livre que abriga a exposição de obras de artistas do mundo todo. Lina também foi responsável pelo desenho do Sesc Pompéia em São Paulo e o Solar do Unhão, em Salvador
As obras de Lina têm simplicidade, clareza e convívio. Ela mostra em cada obra uma sensível preocupação com entorno e por quem irá conviver com ela, por isso todo projeto teve como protagonista o ser humano, não o espaço, como ela mesma disse.
4. Ruy Ohtake
Responsável por mais de 400 obras no Brasil e no mundo, o modernismo do arquiteto paulistano Ruy Ohtake prioriza o convívio nos espaços: “A obra materializa a relação da arquitetura com as pessoas que a frequentam ou a usam: o diálogo com os espaços internos, a adequação dos materiais e a clareza funcional. É assim nas praças, nos centros de convivência, nos espaços de cultura, nos aquários, nas moradias e nos complexos residenciais. São as emoções e as razões pelas quais tenho me empenhado para que meus projetos sejam construídos.”
A relação entre arquitetura e design, utilizando da sinuosidade das formas para trazer a humanização do ambiente, são as principais características das obras desse grande arquiteto brasileiro, especialista também em design de móveis. Sempre com sua linguagem própria e arrojada, Ruy Ohtake é autor de projetos modernos e consagrados, entre os quais o Parque Ecológico do Tietê, o Expresso Tiradentes, o Edifício Tomie Ohtake e o Hotel Unique em São Paulo, além o Aquário do Pantanal no Mato Grosso do Sul. Ruy se engajou em compor obras sociais e seu grande resultado veio com o complexo habitacional de Heliópolis, construído a partir de uma combinação de processos sustentáveis na construção civil.
5. Isay Weinfeld
Isay Weinfeld se formou no Instituto Presbiteriano Mackenzie de Arquitetura em São Paulo em 1975, mas trabalhou também com cinema, cenografia, design de mobiliário e está sempre em busca de novos desafios. Dentre seus diversos projetos estão casas, prédios residenciais e de escritórios, bancos, agências de publicidade, hotéis, lojas, restaurantes, no Brasil e no exterior.
Possuir um estilo único, que possa ser reconhecido em todas as obras, é um importante indicativo de que sua carreira perdeu o elemento-surpresa. E Isay considera isso fundamental em seu trabalho: “Estilo restringe o meu trabalho porque odeio a repetição. E ter estilo significa que eu achei o meu filão e jamais usaria elementos para facilitar o meu trabalho.” Por outro lado, o arquiteto sofre influência de sua grande paixão pelo cinema, e seus projetos partem dos desejos e emoções das pessoas. Se houver uma conexão entre ele e o cliente em potencial, o projeto é realizado.
Entre suas principais obras, estão a Livraria da Vila, o prédio Edifício 360º, e a Fazenda/Spa Boa Vista, todos em São Paulo, o Square Nine Hotel, projetado para construção na Sérvia e o Hotel Fasano Las Piedras em Punta del Leste.
6. Leila Dionizios
A jovem arquiteta carioca, já conta com 10 anos de carreira buscando sempre imprimir em seus projetos arquitetônicos o desejo de cada um de seus clientes. Ambientes contemporâneos e com muito conforto, aliando o uso de acessórios feitos em cerâmica em uma sala com um ambiente clean e sofisticado por exemplo, são marcas do trabalho da arquiteta Leila Dionizios.
Entusiasta das diferentes possibilidades que a iluminação pode oferecer aos espaços, a arquiteta especializou-se em luminotécnica, onde o consumo de energia consciente é prioridade em seu trabalho, se utilizando da sustentabilidade em projetos com sistemas integrados de automação.
Leila tem projetos nas áreas residenciais, comerciais e também em mostras de decoração como a Casa Cor e Mostra Artefacto.
7. Thiago Bernardes
A história de Thiago com a arquitetura vem de berço: filho e neto de grandes arquitetos brasileiros, Claudio e Sergio Bernardes. Ele até tentou se engajar no ramo da fotografia, mas foi realmente na arquitetura e paisagismo que ele se encontrou. Além da paixão pela profissão, também foi da família que veio a inspiração em desenvolver projetos que relacionam as pessoas com o seu entorno. Thiago é atualmente um dos profissionais que mais entendem e incorporam em seu traço a paisagem ao redor, usando de muita elegância e simplicidade estéticas.
Seus grandes projetos incluem a Casa Delta, no litoral de São Paulo e a Capela do Joá no Rio de Janeiro, projetos que renderam a Thiago o prêmio Architizer, um dos mais importantes prêmios internacionais da arquitetura contemporânea mundial. Além desses projetos, Thiago também assina o projeto do Mar, Museu de Arte do Rio, o Hotel Fasano em Belo Horizonte e diversas outras obras de apartamento residencial e edifícios comerciais pelo país.