Um lugar que alinha o padrão de vida, produção e consumo baseados em aspectos econômicos e ambientais e que ainda adota políticas públicas e ações que trazem impacto positivo à sustentabilidade. Parece um sonho, mas algumas cidades já seguem esse caminho e estão se tornando cada vez mais sustentáveis.
Há seis anos, a Organização das Nações Unidas estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um plano global para proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030. Para a Diretora Presidente da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (Abraps), Rosângela Melatto, o que falta para as cidades atingirem essas metas e se tornarem sustentáveis é um diagnóstico de sua função.
Rosângela Melatto – Crédito: Divulgação
“Uma cidade turística não pode usar o modelo ‘copia e cola' de uma cidade industrial. Com a descoberta da vocação, e respondidas as perguntas por que e para quem criar uma cidade sustentável, parte-se para a observação dos índices do avanço dos ODS nas cidades mais parecidas com ela e se pode replicar as práticas semelhantes que já estão em outros níveis de desenvolvimento sustentável. E, em nível federal, um maior apoio às regiões que se mostram mais vulneráveis ou mais distantes de atingirem um patamar de sustentabilidade, privilegiando regiões que necessitem avançar mais no cumprimento da agenda 2030”, acredita ela.
Zurique, na Suíça, e Copenhague, na Dinamarca, são exemplos de cidades sustentáveis. Ações como a criação de estradas feitas para o ciclismo, com bicicletas elétricas vendidas a baixo custo, até a certificação de hotéis que seguem os principais padrões de energia, alimentação e design sustentáveis fazem com que esses locais se tornem referências mundiais.
“Muitos restaurantes vendem alimentos feitos com ingredientes orgânicos e possuem máquinas de venda automática para você reciclar os materiais e receber um depósito. A preservação de espaços verdes, criação de parques e compromisso com a redução de emissão de gases de efeito estufa também fazem parte da lista de ações das cidades do topo da lista”, explica Rosângela.
Focos de atenção
Já no Brasil, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil (IDSC-BR), os ODS relacionados a questões socioambientais, principalmente com a pobreza, saúde, educação e mudanças climáticas, são os que precisam de maior atenção dos municípios brasileiros.
Apesar disso, algumas cidades brasileiras têm apresentado bons resultados na busca pela sustentabilidade. Uma pesquisa realizada com 770 cidades para avaliar o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável aponta Morungaba, cidade de cerca de 14 mil habitantes, e que fica na região metropolitana de Campinas, como a primeira colocada no ranking do IDSC-BR graças ao destaque em relação às metas ambientais. E os municípios de São Caetano do Sul, Valinhos e Limeira estão entre os 10 mais sustentáveis do país.
Às empresas cabe a responsabilidade de participar de ações e decisões para o desenvolvimento sustentável e conscientizar os colaboradores a respeito da importância das práticas sustentáveis, incentivando que elas sejam replicadas no dia a dia.
“Acho que as empresas precisam ser ativas e participativas no processo de construção e tomadas de decisões mais alinhadas com a Agenda 2030, descobrir qual sua efetividade nas ações tomadas como, por exemplo, construir métricas para o seu setor de atuação, trocar as melhores práticas, ser signatária do Pacto Global, enfim, cumprir com a cidadania corporativa, que é justamente escalar o seu impacto positivo”, afirma a Diretora Presidente da Abraps.
A população também pode se envolver nas questões relativas ao bem-estar pessoal, tanto de sua família, como de sua comunidade. “Um exemplo disso é o uso das tecnologias como ferramentas e meios para evitar a contaminação pela Covid-19. Quando soubermos usar a tecnologia para filtrar as informações recebidas e usá-las a nosso favor, certamente poderemos construir cidades que tenham respostas mais rápidas em situações de emergência”, diz Rosângela.
Neste ano, o Conselho de Direitos Humanos da ONU reconheceu pela primeira vez que ter um meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano. A decisão, que foi considerada um marco para a justiça ambiental, é um incentivo a mais para lutarmos pela proteção do nosso um planeta.