É como ter um apartamento de frente para o mar no lugar em que quiser, com autonomia, paz e silêncio. Para o velejador Beto Pandiani é assim que pode ser definido o turismo náutico, alternativa que tem se tornado cada vez mais popular entre pessoas que querem se divertir em meio a belas paisagens naturais
Beto Pandiani – Crédito: arquivo pessoal
Mas apesar desta visão tranquila sobre diversão no mar, o que ele gosta mesmo é de aventura. Filho do velejador italiano Corrado Pandiani, desde criança ele ouvia histórias surpreendentes e a partir dos anos 1990 transformou o esporte em uma profissão. Em 1994, organizou com um amigo a expedição “Entre Trópicos”, em que viajou de Miami a Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, em um catamarã pequeno e sem cabine por 289 dias.
Depois disso foram várias travessias oceânicas. Elas renderam exposições fotográficas, livros, documentários e até palestras, que fazem paralelos entre a experiência no mar e o mundo corporativo, o que inclui as tomadas de decisão, gestão de projetos e como aprender com os erros.
Desde o ano passado, Pandiani tem percebido o aumento do número de barcos no mar e não é só impressão: segundo o presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos (Acobar), Eduardo Colunna, a venda de embarcações aumentou cerca de 20% no último ano. “São principalmente barcos de entrada, o que é importante para criar uma cultura náutica. A consequência natural é que depois os compradores troquem por embarcações médias de 30 a 40 pés e, no futuro, por outras acima de 50 e 60 pés”, acredita.
No caso da Triton Yachts, por exemplo, os modelos mais vendidos foram de pequeno e médio porte, entre 30 e 47 pés. “São lanchas com características bem familiares, muito seguras e equipadas com itens de conforto. Também oferecem amplos espaços para quem deseja aproveitar o contato com o mar, além de banheiros, cozinha e cabines para o pernoite”, explica o diretor de marketing da empresa, Allan Cechelero.
Conforto nas viagens
Para quem quer viajar pelos mares, não faltam opções. A empresa também tem no portfólio uma embarcação de 15,80 metros de comprimento, três pavimentos e que abriga até seis pessoas para pernoite. Assim é possível se divertir e manter o distanciamento social com conforto e privacidade.
Pandiani acredita que a pandemia fez com que as pessoas decidissem viver o presente e ter mais qualidade de vida. “Tudo pode mudar amanhã, não temos o controle de nada, então é preciso aproveitar melhor as experiências e dar valor a elas”, diz ele, que se considera um especialista em quarentenas por passar tanto tempo no mar.
Para os marinheiros de primeira viagem, o presidente da Acobar indica que sempre avaliem o histórico da empresa que está vendendo a embarcação, quanto tempo está no mercado e garantir que ela faz um trabalho sério. Além disso, os barcos com certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas também têm a indicação de que o produto foi bem elaborado.
Outra dica do diretor de marketing da Triton Yachts é que a fabricação de lanchas é artesanal, o que demanda meses desde o projeto, laminação, acabamentos e personalização até a entrega do produto, o que gera uma fila de espera de cerca de 90 dias para poder sair navegando.
É claro que fazer uma travessia oceânica ou mesmo participar de uma competição de alto nível como a equipe do Luna Rossa tem feito não é para todos, mas mesmo quem faz um passeio com um barco de pequeno porte pode aprender muito com a experiência.
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“Paciência, perseverança e prudência. O mar é instável e os avisos são sutis, por isso é preciso ficar atento. Assim como na vida, sempre recebemos avisos, mas temos que aprender a ler os sinais. A experiência ensina a lidar com o imponderável”, finaliza Pandiani.