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20 palavras para um novo mundo: Esporte

Uma série de palavras se infiltrou em nossa linguagem cotidiana este ano para descrever os novos tempos em que estamos vivendo. Pedimos a quatro grandes escritores – David Szalay, Rosie Millard, Paolo Gallo e Emma Dabiri – que escrevessem sobre algumas delas para nós. Emma Dabiri é uma autora irlandesa-nigeriana, acadêmica e apresentadora. Seu livro de estreia, “Don't Touch My Hair”, desvenda a história social dos cabelos afro e foi indicado ao Irish Book Awards de 2019. Ela apresentou diversos programas para a BBC e Channel 4, na rádio e na TV, cobrindo arte, história e sociologia. Ela é professora assistente no Departamento Africano na SOAS Universidade de Londres. Ela escreveu sobre o significado de “Esporte”.

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Circulou por aí, nos primeiros dias da pandemia, um meme:

Se você não sair do lockdown com um corpo melhor, não faltou tempo, faltou disciplina.

Embora inicialmente tenha sido compartilhado por várias pessoas, foi rapidamente rejeitado por um número ainda maior. Ainda bem! Nem todo mundo teve a oportunidade, a motivação ou mesmo a inclinação para reinventar o lockdown como um centro de treinamento para o “corpo ideal do verão".

Mas a semente da dúvida foi plantada. E embora eu tenha tido um bebê recentemente e estivesse lutando para voltar até mesmo a uma rotina suave de yoga – quanto mais começar uma atividade física –, o exercício estava em minha mente.

Enquanto a educação física e o vício em Joe Wicks, preparador físico, se apoderava do país, tentei fazer uma das sessões (oferecidas gratuitamente por Joe no YouTube) com meu filho mais velho, mas tudo que consegui foi ficar com meus músculos rígidos demais para conseguir andar bem na semana seguinte.

Eu precisava de outra opção. Uma atividade que me permitisse restaurar minha resistência, sair e ver o mundo (ou um pequeno canto dele), mantendo o distanciamento social. Correr era o exercício que eu já havia ameaçado começar, mas raramente conseguia encontrar tempo para isso. Mas agora eu tinha a desculpa para comprar as roupas de corrida caríssimas e bonitas que eu estava procurando há algum tempo, mas não tinha justificativa. Minhas encomendas chegaram, segunda-feira amanheceu e eu emergi para o sol pandêmico fora de época, uma corredora entusiasta, iniciante, pronta para entrar em minha nova identidade de lockdown, apenas eu e a estrada aberta, baby. Durou uma semana inteira (ok, demos os devidos créditos: uma semana e meia).

Quando meu filho mais novo começou a comer alimentos sólidos, o pequeno espaço na minha agenda para correr desapareceu. Meu horário de trabalho era exaustivo. E, embora o lockdown para alguns parecesse estar se transformando em um ano sabático de autoaperfeiçoamento, eu estava exausta tentando manter o controle.

Mesmo assim, eu tive a sensação maçante de que eu não estava fazendo o suficiente. Apesar de todas as vozes contrárias – aquelas que nos lembraram que esta era uma pandemia sem precedentes, que a vida como a conhecíamos havia sido abalada até o âmago, que o fato de nosso futuro imediato ser incerto, o longo prazo desconhecido, era motivo legítimo de luto, desespero ou apatia –, eu ainda sentia que precisava fazer mais.

E mais importante, fisicamente, eu me sentia enferrujada.

O que fazer? Eu queimei meus neurônios. Eureca: um trampolim! Um bom condicionamento físico: sinceramente, o trampolim foi uma dádiva de Deus. Eu não sei como passei minha vida inteira sem um e toda a minha família entrou nessa também. Quem se importa se ocupa metade do espaço da sala se todo o conceito de sala de estar, todo o conceito de casa, foi tão radicalmente reimaginado nos últimos meses? Eu realmente estou conseguindo fazer um treino de 15 minutos todas as manhãs. É uma sensação fabulosa e é tããão divertido! E as roupas de corrida que comprei? Acontece que elas também são perfeitas para manter tudo no lugar enquanto eu estou saltando.