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O lado humano dos robôs

A Indústria 4.0 - o modelo com foco nas pessoas: esse é o caso da Pirelli

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Uma fábrica inteligente não pode existir sem a criatividade e as habilidades práticas da raça humana. A robótica e a automação dependem dos seres humanos, e não o contrário, como se pensa. No Festival de Ciência e Inovação 2016 no Settimo Torinese, o foco deste ano está na robótica, mas a estrela inesperada do show foi o próprio ser humano. A figura que inventou o robô, que fez com que ele trabalhasse para nós, e, o mais importante, que está aprimorando-o constantemente. O relacionamento entre homem e robô, a Indústria 4.0, a automação industrial, os processos produtivos e as implicações que esta quarta revolução industrial terá sobre os trabalhadores humanos foram os principais temas de um painel de discussão que contou com a presença de Gianni Mancini, líder de processos e equipamentos da Pirelli, ao lado de outros executivos da Comau, da L'Oréal e da Siemens. Todas as empresas, assim como a Pirelli, com profundas raízes na área do Settimo Torinese. 

 

"Nos últimos anos, no centro industrial do Settimo Torinese, assim como no resto do mundo, investimos em capital humano", disse Mancini no debate. "E com a introdução de máquinas cada vez mais sofisticadas e complexas, tivemos de treinar nossos funcionários na mesma proporção, integrando os conhecimentos existentes às novas competências utilizadas para seguir o caminho da inovação adotado pela empresa".  

Trata-se de um processo de inovação possibilitado por pessoas que trabalham "na linha de frente” das fábricas, que são capazes de oferecer soluções essenciais sobre como tornar os processos mais eficientes e produtivos. Os trabalhadores do centro industrial de Settimo Torinese, por exemplo, apoiam ativamente os engenheiros responsáveis pela solução de problemas relacionados aos processos e pela transferência de know-how a outras unidades fabris da Pirelli em todo o mundo.

Outro fator determinante é a valiosa colaboração entre a empresa e seus fornecedores de tecnologia e máquinas. A Pirelli conta com um grande número de empresas que fizeram suas próprias contribuições em termos de inovação e automação, entre elas a Comau e a Siemens. Um exemplo de trabalho em equipe bem-sucedido entre a empresa e seus fornecedores foi a criação, na fábrica em Settimo Torinese, da Next MIRS, uma tecnologia inovadora de propriedade da Pirelli, capaz de proporcionar produção flexível mesmo dos menores lotes de pneus, e que atende ao objetivo de aplicar um modelo industrial que não apenas assegure o alto desempenho, mas também a eficiência, a rapidez e a flexibilidade, capaz de se adaptar rapidamente a produtos diferentes a serem desenvolvidos e produzidos.

"Levar a inovação até a fábrica", prossegue Mancini, "significa introduzir máquinas que ajudem a acelerar os sistemas de produção e otimizar os recursos econômicos, mas, acima de tudo, que assegurem a qualidade e a flexibilidade. A tendência do mercado é criar produtos cada vez mais belos e seguros, mas ao mesmo tempo, cada vez mais personalizados. E é por isso que é essencial que sejamos capazes de trabalhar lado-a-lado com parceiros capazes de adaptarem sua tecnologia aos diversos tipos de produtos". 

Da produção em massa para a produção personalizada, sendo esta última a pedra fundamental da estratégia da Pirelli baseada no "Ajuste Perfeito": todo modelo de veículo corresponde a um pneu específico, capaz de oferecer a máxima segurança e o melhor desempenho sob quaisquer condições.

Esse nível de segurança é assegurado pelos processos produtivos inovadores adotados pela Pirelli, como o VAC - Visual Automatic Control (Controle automático visual), patenteado pela empresa e que permite ao usuário eliminar qualquer margem de erro ao identificar defeitos nos pneus. O protótipo do VAC, vencedor do prêmio Masi de Inovação Industrial em 2015 , é um sistema que pode avaliar o pneu "visualmente", por meio de sistemas ópticos inovadores, e "analisá-lo" utilizando algoritmos desenvolvidos pela equipe de pesquisa e desenvolvimento dos laboratórios em Bicocca, a fim de identificar qualquer defeito ou imperfeição. Os resultados são então analisados e todos os defeitos encontrados são classificados. "A criação desse protótipo", explicou Mancini, "não apenas nos limita ao uso de máquinas para realizar um trabalho que atualmente seria feito por uma pessoa, com as dificuldades que esse tipo de operação representa, mas também nos permite coletar dados críticos, com os quais podemos interceptar defeitos na origem e prever qualquer imperfeição".

É a Internet das Coisas a pleno vapor. Uma grande parte da Indústria 4.0 envolve exatamente isso: habilitar máquinas, robôs e seres humanos a se comunicarem uns com os outros, compartilhar dados, ajudar-nos a solucionar problemas, mas, acima de tudo, a prever os problemas, evitando-os assim no futuro. Trata-se de um objetivo que claramente delineou a estratégia da Pirelli, uma empresa que, graças à introdução e implementação de uma sequência de processos inovadores, está se tornando uma empresa cada vez mais digital. É por isso que o grupo de Direcionamento Digital foi criado, para trabalhar com o desenvolvimento de sensores e também para atender às necessidades do setor, incluindo a nova mobilidade, e para desenvolver processos industriais, comerciais e gerenciais inteiramente digitalizados, mais eficientes e baseados em modelos preditivos, com o auxílio de análises de dados de grande porte, avaliados por uma equipe altamente especializada.

Entretanto, nada disso seria possível sem o trabalho dos operários, técnicos e engenheiros das fábricas, que utilizam sua competência para fazer contribuições imprescindíveis ao desenvolvimento da Indústria 4.0, que por sua vez aumenta a competitividade global da Pirelli. Benefícios para todos, aumentando as competências dos trabalhadores e a qualidade, a inovação e a segurança dos produtos.