Seguindo o exemplo das antigas edições icônicas do Calendário Pirelli, o fotógrafo Ethan James Green, residente em Nova York, optou por usar o 51º Cal para explorar a nudez e o significado da beleza na atualidade. Green, que fez seu nome na fotografia de moda e de retratos capturando a beleza inerente e individual de seus fotografados, retratou o The Cal na praia - um local que tem grande destaque na história do Calendário - e também no estúdio. O elenco é internacional, com idades variadas, e “simplesmente variedade em todas as formas”, de acordo com Green.
“Estamos chamando de Refresh and Reveal”, diz o fotógrafo de 34 anos sobre o conceito. “É uma renovação porque estamos voltando aos primórdios do Calendário e o atualizando. E uma revelação porque estamos retornando a essa ideia de mostrar a pele, que é uma forma de capturar o verdadeiro eu de alguém.”
Elenco dinâmico
A atriz e modelo Hunter Schafer, a apresentadora de televisão e atriz Padma Lakshmi, a atriz britânica Jodie Turner-Smith e os atores Vincent Cassel e John Boyega estão entre o diversificado elenco do mais recente Calendário.
“São essas as pessoas que eu enxergo como muito bonitas”, diz Green sobre as que foram fotografadas no Historic Virginia Key Beach Park, em Miami, durante duas sessões de fotos em maio e junho.
O elenco também inclui a cantora, atriz e performer italiana Elodie, a atriz britânica e estrela de Bridgerton Simone Ashley, a atriz sul-coreana e estrela de Round 6 Hoyeon, a modelo americana Jenny Shimizu.
Também estão no elenco duas colaboradoras de longa data de Green, a artista guatemalteco-americana Martine Gutierrez (que expôs seu trabalho em uma mostra coletiva com Green) e a modelo e ilustradora estadunidense Connie Fleming. Ambas aparecem no segundo livro de Green, Bombshell (2024, Baron), um estudo sobre feminilidade, glamour e sex appeal.
“A escolha do elenco sempre foi muito importante para o meu trabalho”, conta Green. “Ter a variedade de pessoas com as quais tenho trabalhado desde o início foi essencial. Eu nunca quis fotografar de outra forma.”
Apenas pela terceira vez na história do The Cal, a edição de 2025 apresenta o fotógrafo entre seu elenco. Anteriormente, Prince Gyasi (2024) e Bryan Adams (2022) publicaram retratos de si mesmos em seus Calendários. Mas este ano, pela primeira vez, os autorretratos do fotógrafo são de nudez. “Eu me coloquei no Calendário porque a única pessoa que eu poderia decidir que estivesse completamente nua era eu mesmo”, comenta Green.
Retratos atemporais
Cada modelo é representado por um par de retratos. Um, colorido, foi fotografado ao ar livre, na praia ou no oceano. O outro, em preto e branco, foi tirado em um estúdio.
Ao desenvolver o conceito do Calendário 2025, Green se inspirou especialmente nas edições anteriores dos fotógrafos Richard Avedon e Herb Ritts da década de 1990.
“Eles realmente capturaram a pessoa e criaram belas imagens atemporais”, diz Green. “Essa era uma grande parte do que eu queria alcançar com o meu Calendário: criar algo que as pessoas pudessem ver daqui a 20 ou 30 anos, que não parecesse datado e que, com sorte, fosse referência no futuro.
“O mundo mudou muito desde a última vez que a Pirelli teve um Calendário realmente sensual. Eu estava empolgado para explorar como vemos a beleza agora e quem é considerado bonito dentro da esfera clássica do Calendário Pirelli - no estúdio e na praia.”
Time dos sonhos
Green reuniu uma equipe de amigos e colaboradores para trabalhar no Calendário, que foram muito bem-preparados para apresentar o conceito clássico, mas despojado, deste ano.
A estilista Tonne Goodman já trabalhou com Green diversas vezes, inclusive em sua primeira capa da Vogue com Rihanna em 2019. “Ela é alguém com quem aprendi muito e uma das melhores pessoas em fazer com que as pessoas se sintam confortáveis”, conta Green.
O cabeleireiro Lucas Wilson foi um dos principais colaboradores do livro Bombshell de Green. “Adoro a maneira como Lucas trata a questão do cabelo”, diz Green. “Ele abraça o cabelo. Deixa o cabelo ser cabelo. Não é um cabelo perfeitamente arrumado. Mas é um cabelo lindo.”
Sobre a maquiadora Fulvia Farolfi, Green diz: “Ela é uma lenda. Trabalha no ramo há muito tempo. Ela faz com que as pessoas se sintam realmente à vontade. E não há ninguém no setor que consiga fazer um melhor bronze de corpo inteiro.”
O “gosto impecável” e a experiência do cenógrafo Dylan Bailey no set foram fundamentais para o sucesso da sessão de fotos, diz Green. “Ele é como um consultor criativo. Sua opinião é muito importante.”
Marcs Goldberg também contribuiu, pois, além de ser modelo de Green, também trabalhou como cenógrafa em projetos anteriores. “Ela entende como minha fotografia funciona e como é ser o retratado. Ela me ajudou a criar o conceito”, diz Green. “Quando chegamos em Miami, andamos juntos pelas praias procurando coisas para combinar com o conceito de nudez, como folhas de palmeira, galhos de árvores ou algas marinhas. Ela também foi minha modelo temporária [para fornecer uma referência visual para a foto antes da chegada do talent].”
“Um selo de aprovação”
Ao trabalhar com temas como identidade contemporânea, sexualidade e estilo, Green se tornou conhecido por um conjunto de obras surpreendentemente intimistas, que capturam e ampliam a beleza inerente de seus fotografados.
Seu trabalho foi veiculado em publicações como Dazed, L'Uomo Vogue, Time, Vogue, W Magazine e WSJ Magazine. Também colaborou com uma série de marcas de moda de alta costura.
O primeiro livro de Green, Young New York (2019, Aperture), é uma coleção de retratos tirados de amigos e colaboradores nos parques do centro de Nova York que narra o escopo da identidade queer da última década. Em 2022, ele fundou a New York Life Gallery em Chinatown, que exibe artistas emergentes e em meio de carreira, arquivos desconhecidos e obras de arte do século XX.
Ao fotografar The Cal, o fotógrafo nascido em Michigan e residente em Nova York se juntou a artistas de destaque como Norman Parkinson, Terence Donovan, Helmut Newton, Bruce Weber, Annie Leibovitz, Paolo Roversi e Steven Meisel.
“Ser incluído neste grupo de artistas lendários que fotografaram o Calendário - muitos dos quais me inspiraram a me tornar um fotógrafo - é simplesmente fantástico”, diz Green. “É um selo de aprovação e um grande momento na carreira.”